Formar Comunidades de Apóstolos
Queridos, nunca é demais refletir sobre a nossa missão no mundo e na Igreja, sobre o que fazemos de específico para dilatar o Reino de Cristo no mundo.
Se refletirmos sobre a história de nossas vidas e do nosso movimento, nos damos conta que nosso coração exulta de alegria toda vez que conseguimos formar e oferecer novos apóstolos à Igreja.
E aí está a chave para essa reflexão. Porque o Regnum Christi é chamado a exercer a missão de formar novos apóstolos para a Igreja!
E não os formamos de qualquer maneira. Mas como está claríssimo no número 8 de nossos estatutos, formamo-los à maneira de Cristo, seguimos os passos do nosso mestre, colocamos em prática a sua metodologia!
E o que Cristo fez que nós devemos imitar? Formar comunidades de apóstolos!
De fato, Cristo chamou seus discípulos um a um, cada um em seu momento ou circunstância de vida. Mas o passo seguinte foi reunir o grupo, para forma-los em comunidade, e assim, em equipe, iam de cidade em cidade realizando a missão de anunciar a Boa Nova.
Formar Comunidades de Apóstolos! Eis um objetivo que está no DNA do Regnum Christi! Porque participar de um grupo, de um movimento, de uma equipe, de uma família de apostos é um anseio de cada um de nós!
"Caritas Christi urget nos" (2 Co 5, 14) - O amor de Cristo nos impele!
Uma vez que você tenha se encontrado verdadeiramente com Cristo nas estradas da vida, nunca mais você será o mesmo.
O encontro com Cristo move coisas lá dentro, entra profundo e reconecta o laço perdido e disperso que entre uma criatura, você, e o teu criador, Deus
Uma vez que se encontrou com Cristo, já não pode ser o mesmo E se você, no silêncio e na oração é capaz de ruminar essa ação de Cristo no teu coração, então a Caridade de Cristo irá te impelir, irá te inquietar (no bom sentido), irá te provocar e te impulsionar na vivência do amor cristão.
Essa caridade virará vida na tua vida, virará a seiva dos teus passos e afazeres. E onde você outrora andava e agia sozinho, Cristo agora te acompanhará.
Se persistes nesse caminho e insiste no silêncio e na oração, se aceita maiores compromissos com Deus a obra transformadora dele não para.
Teu coração vai penetrando cada vez mais profundo nos mistérios de Deus e tua face vai cada dia mais se configurando a face de Cristo. Nesse ponto, o inimigo investe forte em roubar tua paz e tua generosidade, pois tua vida e obras já causam danos severos no reino do mal.
Então você entende, que certos ambientes e estilos de vida são os que mais lhe convém. O Regnum Christi está nessa lista. E o estilo de vida que lhe propõe, exposto no número 10 dos nossos estatutos, lhe garante um caminho para realizar as linda obra de Deus na tua vida e na vida daqueles que cruzarem o teu caminho de apóstolo do senhor.
São Paulo em sua carta aos Romanos diz assim: "E nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam, daqueles que são chamados segundo o seu desígnio. Porque os que de antemão ele conheceu, esses também predestinou a serem conformes à imagem do seu Filho..."
Meus queridos, Deus nos predestinou para nos conformarmos ao seu Filho! Mais ainda, como o próprio São Paulo fala, Cristo quer viver a sua vida em nós!
Assim, a vida de um cristão também está chamada a ser Reino de Deus!
Vejam, com o Espirito Santo derramado em nossos corações forma em nós a imagem do Cristo, e permite que tenhamos as mesmas atitudes e os sentimentos do Filho de Deus! Vivendo dessa forma, podemos inclusive, como o mesmo Cristo disse, realizar grandes obras tal como ele fez.
E se como São Paulo quero que Cristo viva em mim, já não faz mais sentido ter desejos nem vontade próprias. Busco querer o que Deus quer, quando Ele quer, como Ele quer e porque Ele quer.
Fonte: Viva o Mistério do Reino p.21 (onde reina o amor, aí reina Deus)
Mt 25, 34-36
Então, o Rei dirá aos que estão à direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim’.
Estamos falando da Caridade, que no nosso querido movimento Regnum Christi sempre foi tratada como virtude Rainha. É dessa virtude que Jesus está falando para os "benditos" de seu pai.
E veja, primeiro Jesus nos chama de "benditos" e não só benditos para Jesus, mas benditos para seu Pai.
E a estes benditos, Jesus manda tomar posse do Reino que está preparado desde a criação do mundo. Tomar posse do eterno Reino de Deus!
E porque? O que fizemos para sermos benditos de Deus, eleitos para tomar posse de seu Reino?
Jesus explica, e sua explicação é muito simples. Porque viveste a caridade!
"tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim"
Vejam, muitas vezes complicamos demais a vida, queremos soluções miraculosas, revelações extraordinárias, feitos memoráveis.
Mas na verdade, Deus se coloca no simples. O programa de vida que nos propõe é tão simples que qualquer um pode viver. Dar de comer, vestir alguém, acolher em casa e visitar quem padece. Eis o resumo, a síntese da vivência cristã que qualquer um pode viver.
Pra que ninguém diga que não é capaz ou que não tem instrução suficiente.
Mc 4, 26-27
"O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente na terra: ele dorme e acorda de noite e de dia, mas a semente germina e cresce, sem que ele saiba como"
E Reino de Deus também é assim, chega de modo simples e aparentemente despretensioso.
Mas tem a força de mover a nossa vida. Deus é assim, de algum modo ou de por alguma força plantou sementes em nossos corações. E hoje essas sementes fazem eco, impulsionam a nossa vida, dão razão ao nosso viver.
É impressionante como Deus pode ser simples, corriqueiro, mas ao mesmo tempo profundo e transformador.
A parábola diz que o homem dorme e acorda, os dias passam a semente germina sem sabermos como.
Mas o Reino de Deus nós sabemos como. Há um agricultor maior que faz essa semente germinar, que trabalha nossos corações ocultamente e permite que a sua mensagem produza frutos de vida cristã.
"Cumpriu-se o tempo e está próximo o Reino de Deus" (Mc 1, 15)
Afinal, o que é o Reino de Deus do qual Jesus tanto fala, e o qual a apresenta por meio de tantas parábolas?
Quando Jesus inicia sua vida pública e começa a anunciar o Reino, ele na verdade, começa a reconectar toda a história do povo de Israel e as promessas de Deus com aquele momento, onde o Reino se inicia.
E porque o Reino então se iniciava? Porque Jesus Cristo é a melhor definição do Reino de Deus. Ele é o Reino de amor, de justiça e de paz onde se realizam todas as promessas de Deus! Ele é o filho amado que desce do céu e vem ao encontro do homem mostrar a face de misericórdia do Pai.
Jesus é o Reino, porque Ele reflete o rosto do Pai e permite que os homens que estejam unidos a ele, verdadeira videira, vivam na harmonia desejada por Deus.
Jesus é o Reino porque sendo perfeitamente Deus e perfeitamente homem ele é capaz de reconciliar a criação se apartou de Deus pelo pecado original.
Jesus é o Reino porque ele tem palavras de vida eterna e tem o poder de preencher nosso coração com seu amor.
Jesus segue sendo o Reino e fazendo o Reino presente porque ele se deu e se dá a nós na Eucaristia, sendo presente em cada sacrário a espera de nós, para nos preencher com as suas graças.
Oh meu querido Jesus, obrigado por ser o Reino de Deus na minha vida! Nem sempre eu tenho sido o melhor custodiante desse Reino. Por vezes, por fraqueza, me deixo levar por vans comportamentos ou aspirações, me assemelhando ao povo de Israel que construiu bezerros de ouro para adorar.
Mas Jesus, sei que minha fraqueza e debilidade não são empecilhos para o teu amor. Tua graça toca a minha vida e é capaz de levantar-me até ti como o elevador de Santa Terezinha.
Na verdade, Jesus, não sou digno de que entres em minha casa e faça morada no meu coração. Mas acolho o dom da tua graça e cheio de gratidão empenho todo o meu ser em para amar-te e seguir-te apesar da minhas forças.
Porque quando um coração se abre de verdade ao Reino, ele deixa de ser o protagonista, mas permite que Cristo viva nele para que a luz do céu ilumine a si e aos seus irmãos.
Meu Jesus, meus Deus e meu Reino, faça em mim sua morada. Permita que eu me configure a ti e que a minha vida reflita teu Reino. Que eu viva no mundo sem ser do mundo. Que eu viva qualquer problema, dificuldade ou tribulação sem perder a tua alegria e a tua paz. Que eu viva de tal modo resplandecendo tua face que aqueles que conviverem comigo possam reconhecer o teu Reino e por ele se apaixonarem.
Então sei apóstolo e junto com a minha família espiritual farei a tua luz brilhar no mundo que nos toca evangelizar.
Autora: Mariana Máximo
Viver de forma autêntica exige muita disciplina e força de vontade, e também, união com Cristo através da oração e da vida de sacramentos. Não se dá o que não se tem! Para dar Cristo e poder viver de forma coerente com o que Ele nos pede, é necessário viver unido à videira... para então chegar a ser um ramo fecundo!
Os santos são exemplo de pessoas que viveram de forma autêntica sua fé e conquistaram o troféu do céu, da glória em Deus. Devemos nos animar, pois eles foram homens e mulheres, com suas limitações e defeitos (não estamos considerando a Santíssima Virgem Maria aqui, privada do pecado original)... cada um dos santos possuía sua personalidade, seu conjunto de dons... assim como nós! Nenhum deles precisou anular quem era, ao contrário, eles souberam colocar tudo à disposição de Deus, pois é dEle que emana todos os dons. É verdade que há grande diversidade de pessoas assim como de dons: uns são mais inteligentes, outros mais profundos, uns possuem dons de línguas, outros de profecia... e todos somos preciosos aos olhos de Deus, Jesus morreu por cada um e todos estamos chamados a retornar para de onde viemos... depende de nós!
São tantos os santos que venceram a inclinação ao mal, que se superaram no exercício caridoso de seus talentos e dons, que seguiram o evangelho com os desafios de sua época e que, acima de tudo, se doaram para o que Deus lhes mostrava... nas circunstâncias próprias de seu estado de vida e vocação. Há aqueles que se santificaram ainda criança, há santos jovens, solteiros, casados, vocacionados, pais e mães de família... há santos brilhantes, doutores em seus escritos e tratados... e há santos que chegaram ao céu pela sua simplicidade... mas o que é comum à todos eles é, sem dúvida, terem vivido uma vida autêntica, coerente aos ensinamentos de Jesus.
A depender da profundidade de nossa escolha de vida, brotará o desejo de viver de forma autêntica. Se optamos pelo supérfluo, efêmero... mais rápido experimentaremos o vazio... mas, se nossa opção é pelo profundo, pelo eterno, pelo que realmente é valioso, sentiremos o coração transbordar em si, desejoso de sair ao encontro dos demais, para que também eles experimentem esse bem.
Às vezes pode brotar certo receio ou meio do que os demais vão pensar ao me posicionar de forma coerente com a minha fé... corremos o risco de sermos taxados como “radicais” ou “retrógrados” ou ainda “inconsequentes”... infelizmente o mundo anda afastado de Deus, mas ao mesmo tempo tão sedento do Seu amor! Quando na dúvida ou insegurança, o melhor a se fazer é clamar interiormente pelo Espírito Santo, para que Ele traga à luz o melhor a se falar ou calar ou agir, purificando sempre nossa intenção, e nos colocando à disposição da obra de Cristo... com certeza, com esse advogado como aliado, não há como errar...
Autora: Mariana Máximo
AUTENTICIDADE – Parte 1
A virtude da autenticidade é muito regularmente citada entre os membros do Regnum Christi, mas não dever se considerada como uma cobrança exterior de testemunho, e, sim, deve ser entendida à luz do desejo, que brota desde dentro, de consonância com Cristo e Sua vontade.
Do dicionário, autenticidade consiste na certeza absoluta da veracidade ou originalidade de algo; já em termos jurídicos, autenticidade corresponde a propriedade do que é legítimo. Quando se autentica um documento, é atribuído a ele uma certificação de igualdade perante seu estado original, atestando de que não há nele qualquer modificação.
Não se trata aqui de uma definição formal, e sim da definição prática: autenticidade significa ser coerente com a sua realidade e com o que se crê, dando testemunho real de vida em toda e qualquer circunstância.
Assim como um documento recebe um carimbo de autêntico quando comparado ao original, no nosso batismo recebemos um selo, uma marca, que nos confirma nossa origem e nos dá o crédito das virtudes para seguirmos nossa caminhada. A diferença é que esse selo é invisível aos olhos, está gravado na alma, cravado, e, a partir daí, Deus, o Senhor, Ele próprio, caminha conosco, Ele está comprometido com a nossa causa, nos conhece profundamente e sabe do que mais precisamos a cada momento, porque é nosso Pai, Criador.
Lemos no evangelho de João, capítulo 8 versículo 31: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade e a verdade nos libertará”.
Pilatos externalizou uma pergunta chave, que desempenha papel importante na definição do sentida da vida: “que é a verdade?” (João capítulo 18, versículo 38)
Pra nós que cremos, essa pergunta está muito bem respondida por Jesus: “Eu sou o caminho, A VERDADE e a vida”; ou seja, Jesus Cristo, a segunda pessoa da Santíssima Trindade, próprio Deus que se fez homem no meio de nós, que andou, se desgastou, suou, teve fome, cansaço, tristeza... conheceu de perto a fraqueza humana... Ele próprio se proclama a Verdade, a Verdade que liberta, a Verdade que completa toda a sede de saber que há em minha mente, que supre o desejo do meu coração, que possui todas as respostas... e que dá sentido à vida. Pois só Ele é a vida eterna! ....
Elisa Ruiz
Espero que dê certo. Espero por um mundo melhor. Finalmente chegou o dia tão esperado. Esperei tanto tempo para conseguir esse reconhecimento... Finalmente!
Vivemos rodeados de esperanças; tem momentos em que parece que perdemos essa esperança. A esperança parece ser condição para continuar avançando, para nos manter na luta de todos os dias, aquela que alimenta desejos e sonhos. Ao procurar no google, a esperança é definida como “sentimento de quem vê como possível aquilo que deseja”.
O número 24 dos Estatutos da Federação Regnum Christi nos fala sobre as virtudes teologais: “Edificamos nossa vida interior e apostólica nas virtudes teologais, vivendo com fé luminosa e operante, esperança firme e gozosa, e caridade universal e generosa”. Nos lembram que a esperança é uma das três virtudes infundidas por Deus em nosso coração, no sai do nosso Batismo e alicerce para a relação com Deus e o apostolado.
Afinal: o que é a esperança? Aliás, o que é a esperança cristã?
Vamos ler o que nos fala o catecismo da Igreja Católica, nos número 1817 e 1818:
“A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos o Reino dos céus e a vida eterna como nossa felicidade, pondo toda a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos, não nas nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo. (...)
A virtude da esperança corresponde ao desejo de felicidade que Deus colocou no coração de todo o homem; assume as esperanças que inspiram as actividades dos homens, purifica-as e ordena-as para o Reino dos céus; protege contra o desânimo; sustenta no abatimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O ânimo que a esperança dá preserva do egoísmo e conduz à felicidade da caridade”.
“Sentimento de quem vê como possível aquilo que deseja”. Nunca o google este tão certo: o cristão deseja o Reino dos Céus e a vida eterna; e isso é possível! Como? Pela presença da graça do Espírito Santo em nossas vidas; porque Cristo já nos salvou, somos capazes de entrar na vida eterna, com o auxílio da graça. “A virtude da esperança corresponde (também) ao desejo de felicidade que Deus colocou” em nosso coração, e assume também as esperanças humanas, as ordenando para o Reino dos céus.
A autêntica esperança do cristão encontra sua âncora na certeza do triunfo de Cristo sobre o mal e a morte. E se transforma em ação, inspirando as atividades humanas para a construção do Reino de Deus já aqui na terra, em vistas ao céu. A esperança cristã, podemos falar que é “contemplativa e evangelizadora” (No. 20 EFRC); com os olhos no céu e os pés sobre a terra. A esperança cristã nos anima a viver fazendo o Reino presente, um Reino que já é, mas ainda não.
“O Reino já chegou realmente, mas ainda não em plenitude. Pela Ressurreição e o envio do Espírito começou, mas não se realizou em sua totalidade. O Reino já entrou em nossa história humana e está agindo nela. O Reino está aqui, em meio de nós, mas será consumado mais à frente”. (Viva o mistério do Reino p. 16-17)
...
Pe. Santiago Artero
O Regnum Christi nos motiva e orienta a viver a nossa vida espiritual como uma relação dinâmica de amor com Deus (cf. RFARC. 3), me parece ressoar a palavra de São Paulo: que o Senhor conduza os vossos corações para o amor de Deus e a perseverança de Cristo (2Tes 3,5). À luz dessa Palavra busquemos olhar para o estilo de vida espiritual do apóstolo.
O Senhor Jesus é quem conduz o dinamismo de amor do coração de apóstolo. A referência ao coração expressa -na Escritura- toda a realidade humana, o núcleo do nosso ser, por tanto sintetiza a nossa inteligência, vontade, consciência, afetos; não só a sensibilidade ou sentimentos. Nesse nível do nosso ser, no nosso coração, é onde Jesus Cristo busca reinar para ajudar-nos a viver na relação de amor dinâmica, não estática, parada, estagnada, pouco criativa, conformista.
O amor já implica movimento, se é autêntico amor nos move para fora de nós, para fora do nosso egocentrismo, nos impulsa a sair ao mundo para buscar fazer o bem as pessoas que encontrarmos. É, portanto, um movimento com uma clara intencionalidade: realizar o bem, ou de outro modo: colaborar com o reinado de Cristo no nosso coração e nos corações das pessoas; isso é fruto de uma vida espiritual vivida como relação de amor com Deus, como o Regnum Christi nos lembra.
Encontramos aqui um grande desafio para o apostolo, pois o fim orienta os processos afetivos, orienta o coração. Assim sendo, somos convidados a ir paulatinamente orientando nosso coração, nossa pessoa, nossas intenções, opções, à luz do ideal de vida cristã: o amor a Deus e ao próximo, segundo a expressão de Jesus no evangelho.
No fim, quem orientará o dinamismo do nosso coração será o egoísmo em algumas das suas manifestações como o emotivismo, a sensibilidade impulsiva ou medrosa, o acomodamento no mais fácil ou cómodo, a nossa dificuldade de mudar, de deixar alguns apegos ao mundo, à carne (aquilo que alimenta nossas limitações ou vícios de comportamento).
Convido-te a olhar para essa orientação do nosso coração, da qual fala São Paulo, que no grego se traduz literalmente: “conduza os vossos corações para o amor de Deus” e a Bíblia de Jerusalém traduz “para o amor a Deus” a partir dessa diferencia na tradução me veio uma pergunta: Orientar a minha vida para o amor de Deus, é um ideal ou um idealismo? É possível ou é uma bela expressão e mais nada?
Devemos orientar o nosso coração para alguma meta, para algo ou alguém. Não podemos ir à deriva, sem rumo; no fim das contas, quem pretende assim viver, só está orientando-se para onde as grandes manifestações do seu egoísmo (a soberba ou a sensualidade) indicarem!
Orientar a minha vida para o amor de/a Deus: quero ver nessa expressão duas possibilidades, uma passiva (amor de Deus) o amor que Deus nos têm; e uma possibilidade ativa (amor a Deus) a expressão do nosso amor para com Deus, a nossa correspondência ao amor de Deus.
Orientar nosso coração para “o amor de Deus”: nos convida em todo e sempre a buscar conservar a consciência da grande notícia, do grande evangelho: Deus me ama. Ele o criador e me ama; aquele que tudo o criou e o sustenta, ele me ama. É uma atitude de receptividade, de acolhida, uma realidade na qual somos totalmente passivos, só recebemos, não fazemos nada para poder merecer ou provocar esse amor. Simplesmente Ele nos ama. Isso nos leva, uma e outra vez a buscar contemplar, admirar-nos, maravilhar-nos, dessa realidade: quem me ama? Como é seu amor? Como expressa o seu amor por mim? Porque me ama? Para que me ama? O que ganha me amando? Desde quando me ama? Até quando me amará? Cada resposta é um Evangelho, uma boa noticia, uma noticia salvífica, que preenche de sentido a minha existência.
Bianca de Mattos
Durante o mês de Setembro todos nós somos muito afortunados: porque a Igreja celebra o mês da Bíblia e, assim, homenageamos a São Jerônimo, quem traduziu a Bíblia das línguas originais (hebreu e grego) ao latim. Ele mesmo afirmou que “ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo”.
Aqui no Brasil de fato, estamos no jubileu de ouro, são 50 anos do Mês da Bíblia no Brasil. Desde 1971, com a colaboração de biblistas do nosso país, os fiéis temos a possibilidade de focar nossa atenção nas Sagradas Escrituras e celebrarmos as riquezas da Palavra de Deus!
Outro dia, lendo o Regulamento dos fiéis associados, encontrei o nº 3, que fala sobre como um membro do Regnum Christi entende a vida espiritual, e expressa assim: a vida espiritual é o desenvolvimento progressivo da vida trinitária nele, que o leva a configurar-se com Cristo.
Fala também sobre o modo de como a vida espiritual é vivenciada: relação dinâmica de amor com Deus.
E, por último, elenca alguns meios principais para alimentar, para nutrir a nossa vida espiritual. São eles:
Sacramentos: Eucaristia, confissão...
Palavra de Deus, à qual temos acesso pelas Sagradas Escrituras
Liturgia
A oração pessoal e comunitária
O exercício das virtudes teologais e morais.
Dentre esses meios, há um que nos nutre especialmente e que merece nossa atenção e cuidado: Vamos falar um pouco sobre as Sagradas Escrituras.
Mas não precisamos ir muito longe porque é o próprio texto sagrado que oferece pistas sobre o significado da Palavra de Deus em nossas vidas:
No Livro de Isaías, por exemplo, capítulo 55, versículo 10 podemos ler:
"Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não volvem sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão."
Esse trecho do livro de Isaías pode nos relembrar um outro, do Novo Testamento, que é a parábola do semeador: que comparação tão feliz, tão extraordinária da Palavra de Deus com os processos da natureza, com as etapas da semente ou a imagem da água que irriga, que molha a terra seca e joga um papel fundamental na germinação das plantas...
Então, a vida espiritual é isso, é o desenvolvimento, etapa por etapa, dentro da nossa alma, até termos uma relação com a Trindade: com Deus que é Pai, com Deus Filho – Jesus Cristo- e com o Espírito Santo.
Já na Carta de São Paulo aos Hebreus capítulo 4 a partir do versículo 12, diz assim:
"Porque a Palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração."
E o que é a vida cristã senão confrontar-noscom a Palavra de Deus ou com o Deus das Grandes Palavras? É disso que realmente precisamos: confrontar nossa vida, nossas atitudes com a Palavra, com o Verbo de Deus e deixar-nos transformar, deixar-nos configurar pela eficácia de sua Palavra.
Configurar-se com Cristo é, então, “chegar a ter os mesmos sentimentos de Cristo”...
Pedro Kropf
"Cristianismo Integral, Membro integrado, Crescer em integração!" Quantas vezes escutamos essas palavras em nossos encontros? Mas o que Deus quer afinal de nós quando diz que temos que viver um cristianismo integral, que devemos ser membros integrados?
Veja, nós participamos do Regnum Christi, esse movimento que não quer ser mais um mero organizador de encontros e compromissos na nossa vida. O Regnum Christi, suas atividades e suas obras estão na verdade a nosso serviço! Ele nos coloca meios para crescermos e nos tornarmos cristãos maduros, cristãos integrais!
Por isso, nossa vocação ao Regnum Christi é muito mais do que apenas fazer parte de um movimento da Igreja. Se engana quem equipara o nosso movimento a um grupo. O Regnum Christi é muito mais do que isso. O Regnum Christi quer ser para nós um autêntico estilo de vida! Um estilo de viver o cristianismo, sendo apóstolo apesar dos momentos e das circunstâncias!
Um estilo de vida que carrego aonde quer que eu vá. Sem que fique oculto nenhum cantinho de estimação.
Nosso movimento prega um cristianismo integral. Porque Cristo quer se fazer presente em cada espaço da tua vida. No teu trabalho, na tua família, nos teus estudos, com teus amigos. Cristo precisa reinar em todos os âmbitos da tua vida!
Sim Ele quer reinar nos teus momentos de oração, no teu apostolado, na tua vida familiar. Mas também quer reinar em ti quando vais numa festa, no trabalho ou num estádio de futebol. Em qualquer lugar, em qualquer momento, tu carregas um selo de cristão! Pelo batismo Deus marcou a nossa alma e nós queremos pertencer a Ele integralmente!
Logo, todos os meios que o Regnum Christi te apresenta, cada atividade em que te comprometes, tem somente um objetivo: fazer de Cristo teu critério, modelo e exemplo. Permitir que tu caminhes rumo a santidade que deve permear cada minuto da tua existência. Para que como São Paulo, também nós possamos dizer: "eu vivo, mas já não sou eu quem vive. É Cristo que vive em mim."
Assim, não caiamos na tentação de reservar espaços próprios na nossa vida aonde não levamos Cristo conosco. Não podemos ter cantinhos pessoais de estimação. Cristo deve se fazer presente sempre. E a medida da nossa generosidade estará ai. O quanto abrimos as portas para que Cristo possa ser efetivamente o Rei da nossa vida, o sentido da nossa existência e a paixão do nosso viver.
Cristo claramente reafirmou o primeiro de todos os mandamentos: "Ouve ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor, e amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força" Mc 12, versículos 29 e 30.
É preciso se perguntar então: Amo eu a Deus com todo o meu coração?
Coloco os todo o empenhos da minha alma para fazer crescer esse amor?
Onde coloco as minhas forças? As coloco em amar e seguir ao Senhor?
Ou ainda, O Senhor nosso Deus é o meu único Senhor?
Ou permito que haja outros Senhores no meu viver, porque resisto em guardar resquícios de uma vida velha que já não tem mais sentido?
Oxalá como nossa mãe possamos dizer generosamente SIM a Deus, e não resguardemos dele nenhum espaço de nossa vida.
Ai, então, verdadeiramente seremos apóstolos. E nossa vida inteira será um apostolado constante...
Até que o Céu nos receba em plenitude.
Amém.
Autora: Elisa Ruiz
Quem é o Espírito Santo que invocamos, que chamamos? Das três pessoas da Santíssima Trindade talvez seja com a que menos nos relacionamos conscientemente. O Espírito Santo é o santificador; Ele é quem nos revela a verdade e o amor de Deus e o que atua em nossos corações, de forma muitas vezes silenciosa e oculta, para nos transformar em Cristo. Ele é o escultor da imagem de Jesus em nós; basta nos abrir a sua ação e suas inspirações para que isso aconteça. Todo movimento interior em direção à santidade, provém dele; é a graça agindo em nós de forma misteriosa, gratuita e amorosa. Não por nossos méritos, mas pelo infinito amor de Deus por nós.
Durante a sua vida, Jesus nos prometeu várias vezes o Espírito Santo; Ele que nos guia para a verdade plena, de forma suave e progressiva, para nossa santificação. “Tenho ainda muito a vos dizer, mas não podeis agora suportar. Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos guiará na verdade plena, pois não falará de sui mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará coisas futuras” (Jo 16, 13). Como acontece com o vento, “sopra onde quer e ouves seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai” (Jo 3, 8); experimentamos a sua presença e sua ação, ouvimos a sua voz; muitas vezes não sabemos onde Ele quer nos levar, mas pela confiança nele nos deixamos guiar e Ele faz maravilhas.
Ele é quem derrama em nossos corações o amor de Deus, como nos lembra São Paulo no capítulo 5 da carta aos Romanos, e nos fortalece para viver em plenitude esse amor e o comunicar aos outros com alegria e coragem. Vamos ler juntos o que aconteceu no dia de Pentecostes; nessa primeira vinda do Espírito Santo (At 2, 1-4)
“Tendo-se completado o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio de céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso, que encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceram-lhe então, línguas como de fogo, que se repartiram e que pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se exprimirem”
Ficamos maravilhados ao contemplar a transformação dos apóstolos: do medo à coragem; da timidez à exposição pública; da ignorância ao conhecimento. E tudo isso por obra do Espírito Santo. Bastou estar reunidos em oração, com o coração disposto e sincero, à escuta, para receber o que Jesus lhes prometera. “Eis que eu enviarei sobre vós o que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade até serdes revestidos da força do alto”. (Lc 24, 49) Bastou a fé e a confiança na fidelidade de Deus a suas promessas. Eu creio na fidelidade de Deus? Creio em suas promessas para mim? Senhor, aumenta a minha fé para receber em plenitude teus dons de amor. Creio que Ele quer e pode fazer maravilhas, como fez no dia de Pentecostes, em minha vida e em minha missão de apóstolo do Reino? Ou eu acho que essas maravilhas que lemos nos Atos dos Apóstolos não acontecem mais? Creio no poder do Espírito Santo em minha vida e no mundo? Creio no infinito poder do Amor (com maiúscula) que transforma corações e sociedades, como fez nos primeiros séculos do cristianismo (sem nos poupar, é claro, da cruz e das perseguições, do mistério pascal)?
Vinde, Espírito Santo! Acendei em nós o fogo do vosso amor e renova a face da terra.
Autor: Pe. André Delvaux, L.C.
9 horas da manhã e alguém toca sua porta para lhe dizer que o Reino de Deus está próximo. O que você pensa? Você convida a pessoa para entrar e ouvi-la com mais atenção?
O Reino de Deus está próximo! Esse é o núcleo da mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo, essas eram as palavras que Ele usava em sua pregação, caminhando pelas vilas e povoados de Israel. E o Evangelho diz que “Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca”.
Sem dúvida, Jesus era uma pessoa encantadora, daquele tipo que é sempre agradável escutar e em cuja companhia é sempre bom estar. Cristo era também um homem de profunda oração, e a graça de Deus produzia Nele um forte atrativo nos corações com um mínimo de sensibilidade. E também é verdade que Jesus era um bom comunicador, escolhia muito bem suas palavras, tinha nos lábios aquilo que Israel tanto queria ouvir.
Esta era a circunstância: Israel experimentava novamente a humilhação da submissão a um povo estrangeiro e, segundo sua interpretação dos fatos, do abandono de Deus. Fazia décadas que os romanos, donos da metade do mundo, tinham submetido Israel, ainda que permitindo o livre exercício de suas atividades ordinárias, inclusive as relativas à religião, mas governando o país outrora soberano.
Quando Jesus chega anunciando o Reino, faz memória das antigas profecias e da promessa de fidelidade de Deus a seu povo, ressuscitando sua esperança em dias melhores. Israel sonhava com liberdade e paz definitivas, e estas chegariam junto com o Messias esperado, o filho de Davi, que viria para restabelecer o reinado daquele que deu ao povo eleito o período de maior esplendor e prosperidade de sua história.
Durante quase mil anos, ouviram-se as profecias que falavam desse descendente do grande rei, um salvador da parte de Deus, que seria o novo e definitivo pastor de Israel.
Ao ouvir sobre o Reino, essas lembranças saltavam na mente: agora, será que ele tinha chegado? Ao mesmo tempo que Israel sonhava com o reino e a salvação, para muitos, essa era uma libertação humana – social e política. E só Jesus tinha consciência da realidade a que se referiam as leis e os profetas. Na verdade (em palavras de Bento XVI), “Jesus Cristo era o próprio Reino de Deus”. E esse reino, bem sabemos, “não é deste mundo”. Era o próprio Filho de Deus, Senhor do Céu e da terra que veio fazer esse Reino presente, instaurá-lo no coração dos homens.
Esse Reino era muito mais do que Israel podia sonhar: Ele é a habitação do Eterno na alma e nos corações, restaurando a natureza humana ferida pelo pecado, convertendo-nos em filhos, unindo-nos como irmãos, concedendo-nos uma nova vida agora plena e sem fim. É esse Reino pelo qual suplicamos todos os dias ao repetir: Cristo, Rei Nosso, Venha a nós o Vosso Reino! Queremos que o Soberano do universo tenha sob seu domínio nossas vidas, corações e mentes. Queremos realizar um dever de justiça de lhe dar o que já lhe pertence: o mundo inteiro, todos os corações. Por isso, pedimos pela conversão de todos os homens à verdade do Evangelho e o anunciamos com nossas palavras e com nossa vida. Sabemos que nossas palavras não produzem o reino, mas Deus pode se usar delas para abrir os corações, para depois vir Ele mesmo habitá-los. E esse reino no coração de muitos se refletirá nas leis, nos valores, nas tradições da sociedade, na esperança de vermos estabelecida a civilização da justiça e do amor. O reino é a antecipação da eternidade feliz para a qual Deus nos fez.
O Senhor nos conceda cada dia tudo fazer pelo reino de Cristo à glória de Deus, com tal de que o Céu aconteça na terra e nossos irmãos e nós mesmos tenhamos nosso coração voltado para Deus e conformado com o coração de Seu Filho. Amém.
Autor: Pe. Gabriel Bárcena, L.C.
O que significa “que se instaure o Reino de Cristo”?
Não podemos responder com indiferença a essa pergunta, porque no Reino está a razão de ser de todos nós, cristãos. Devemos buscar cotidianamente, em nossas vidas, que Cristo reine em nossos corações e na sociedade e, para isso, o Reino nos oferece inspiração, motivação e o sentido para todos os nossos anseios, buscas e realização.
Somos chamados a ser “Reino de Cristo”: Jesus quer “fazer novas todas as coisas” (Ap 21,5) em nós e assim reinar em nossas vidas; Ele quer que nos revistamos do homem novo à Sua imagem (Cl 3,10) até que possamos adquirir “os mesmos sentimentos Dele” (Fl 2,5). Para isso, Ele deve ser a inspiração para todos os nossos pensamentos, palavras e ações.
Ao mesmo tempo, Cristo nos convida a colaborar para instaurarmos o Seu Reino no coração dos demais, em nossas comunidades e em toda a sociedade. Podemos dizer que Cristo está reinando quando Sua voz fala às consciências de todos os homens com os quais nos relacionamos, quando o amor a Ele persevera nos que Nele acreditam e dá pleno sentido às suas vidas.
Sede de Cristo:
“Tenho sede” (Jo 19, 28) Com essas palavras Jesus nos revela o desejo de reinar que arde em Seu coração: Jesus tem sede de reinar a cada dia em mais almas, sede de oferecer todos os dons reservados aos Seus filhos para que vivam com alegria e liberdade de espírito, sem amarras internas ou externas. Ele tem sede de partilhar conosco, sede de nos acompanhar, sede de ser nosso suporte, sede de abrir nossos horizontes... Jesus tem sede de que reconheçamos nossas fragilidades e pecados e de que se manifeste em nós a Sua graça, que entendamos a missão para a qual fomos criados e para a qual Ele nos chama.
Quando Jesus disse “tenho sede”, no momento de Sua crucificação, Ele deixou mais uma vez explícita a Sua sede de amor por nós, mostrando que nos deseja e que cabe a nós saciarmos a sede d’Ele. Esse pedido foi feito quando se entregava na cruz, por amor a nós, para a nossa salvação. Maior exemplo de amor e entrega não há.
Nessa entrega apostólica para a instauração do reino de Cristo nos corações das pessoas e para a saciedade de Sua sede, temos que colocá-Lo como o centro, o critério e o modelo da nossa vida, com um coração magnânimo e lutador. Temos que ser o “sal” que dá o sabor ao alimento ao se dissolver (Mt 5, 13). A fé que ilumina nossa missão evangelizadora irá nos permitir enxergar o rosto de Cristo e a obra de Deus em cada pessoa que cruze nossos caminhos. A missão é urgente porque Cristo tem urgência de que o fogo do Seu amor acenda em todos os corações (Lc 12, 49). O amor de Cristo nos impulsiona para isso (2Cor 5,14).
Que venha o Reino de Cristo. É a nossa súplica diária e constante. Vamos dar sentido ao nosso lema, façamos isto com a consciência da urgência e da eternidade que lhes são próprias. Vamos permitir que a sede que clama por Jesus Cristo seja saciada. Deixemos que cada um de nossos atos, realizados por amor a Deus, seja como encher os pulmões para exclamar: Cristo, Rei nosso, Venha a nós o Vosso Reino! Esta é a nossa missão.
Pedro Kropf
Queridos membros do RC,
O CIC no número 898 descreve assim o papel dos leigos na Igreja:
“é específico dos leigos, por sua própria vocação, procurar o Reino de Deus exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus...A eles, portanto, cabe de maneira especial iluminar e ordenar de tal modo todas as coisas temporais, às quais estão intimamente unidos, que elas continuamente se façam e cresçam segundo Cristo e contribuam para o louvor do Criador e Redentor”
No número seguinte o CIC traz uma fala de um discurso do Papa Pio XII em 20 de fevereiro de 1946. Neste discurso, Pio XII diz:
“Os fiéis leigos estão na linha mais avançada da vida da Igreja: graças a eles a Igreja é o princípio vital da sociedade humana.”
Meus queridos, o Papa fala, e o Catecismo repete, que nós, fiéis leigos, estamos na linha mais avançada da vida da Igreja
A linha avançada, no vocabulário militar, é aquela linha de frente, o primeiro contingente de soldados a entrar em contato com o inimigo numa batalha. A linha avançada de um exército é aquela capaz de penetrar o terreno do inimigo ou de defender o próprio território quando este é invadido. São os soldados mais valentes que dão o primeiro combate e que de um modo ou de outro acabam por definir os rumos de uma guerra.
Essa analogia nos ajuda a compreender nosso papel de leigos no mundo.
Todos nós sabemos que está em curso no mundo uma luta entre o poder das trevas e o poder de Deus. Nós sabemos que a Igreja luta contra as poderosas forças do mundo para fazer prevalecer a mensagem de Cristo. E nesse contexto tomamos essa fala de Pio XII para refletir metaforicamente o papel do leigo do Reino Christi.
Todos temos visto como a nossa Igreja é atacada por todos os lados. Não só a nossa Igreja, mas a nossa fé, nossos costumes, nossas famílias. Até mesmo o conceito de ser humano, criado a imagem e semelhança de Deus tem sido atacado fortemente desde os tempos modernos.
Nessa batalha nós temos hoje em dia alguns inimigos clássicos como a ideologia de gênero, o aborto e o secularismo de um modo geral. Mas temos também aqueles inimigos de sempre: o pecado do mundo que nos rodeia: a sensualidade, a soberba, a luxuria, a gula, o individualismo, o hedonismo etc.
Meus amigos, alguns de nós poderia olhar a sua volta e dizer: meu Deus! Em que mundo nos encontramos?!
Essa experiência, contudo, não pode ser uma fonte de desmotivação para um cristão. Porque um soldado desmotivado é uma presa fácil do inimigo.
Porque antes mesmo do Concílio Vaticano II a Igreja já afirmava: nós somos a linha avançada da vida da Igreja! Repito a frase de Pio XII:
“Os fiéis leigos estão na linha mais avançada da vida da Igreja: graças a eles a Igreja é o princípio vital da sociedade humana.”
Graças a nós, na vivência real e cotidiana do Evangelho, a Igreja se faz presente como princípio vital da sociedade! Que responsabilidade!
É nesse contexto em que o nosso movimento quer ser um meio, uma ajuda, pra podermos assumir a responsabilidade que a Igreja deposita em nós!
O Regnum Christi é um meio para nos ajudar a ter uma vida espiritual! Para nos preparar pra sermos apóstolos nesse mundo real em que estamos inseridos!
Cabe a mim, depende de mim, viver nesse mundo e enfrentar esses problemas! Cabe a mim, me entregar nessa batalha e levar a Cristo como minha maior bandeira!
Mas como seremos a linha de frente, como sobreviveremos no front de batalha, se não rezamos! Se não nos fortalecemos, se não nos formamos suficientemente?!
Oxalá nos convençamos de uma vez por todas dos meios e atividades que o Regnum Christi nos propõe. Da vida de oração! Da direção espiritual! Da vida de equipe! Do apostolado constante!
Porque eu e você precisamos e muito de todos esses meios para corresponder aquilo que a Igreja desde muito entendeu ser o nosso..
Autora: Bianca de Mattos
Pensar em Maria, traz ao coração diferentes experiências pessoais, a maioria delas têm como fundamento o texto bíblico. No Evangelho de São Lucas, capítulo 1, a partir do versículo 26, encontramos o relato do anúncio que o anjo Gabriel fez a Maria. O anjo lhe trazia uma mensagem da parte de Deus. Maria, logo que recebeu a mensagem, aderiu a ela, viveu-a em plenitude e permanece até hoje comprometida com as consequências dessa mensagem, e nós estamos implicados (graças a Deus) nestes efeitos!
Mas, e se pensamos também em todas as mensagens que Ela mesma anunciou ao mundo? Em Lourdes, Fátima, nos Alpes franceses, na cidade do México, em Paris e outros lugares encontramos suas palavras maternais, seus conselhos, sua intercessão. Como se nos repetisse várias vezes: “Fazei tudo o que Ele lhes disser” (Jo 2,5). Então, podemos dizer que Maria é uma verdadeira “Embaixadora de Cristo” na terra e em nossas vidas. Ou seja, podemos perceber a presença de Maria como uma mulher muito maternal, com uma autoridade única e incumbida da missão de, não só transmitir a mensagem de Cristo, mas também de nos convencer dela, de nos apaixonarmos por ela, a missão de nos ajudar a acolher esta mensagem especialmente por meio de seu exemplo.
Fazer essa experiência significa distinguir, basicamente, 2 realidades: “Quem é Maria?” e “Quem sou eu?” Um questionamento feito não como dúvida ou receio, mas como busca interior, para não nos conformarmos a significados apreendidos, às vezes somente memorizados. São perguntas que exigem respostas profundas e que podem ser encontradas, sobretudo, na oração pessoal.
Saindo do âmbito experiencial, podemos citar a belíssima Ladainha de Nossa Senhora, pois ali encontram-se títulos e significados sobre Ela: “Mãe do Salvador”, “Mãe do Redentor”, “Mãe Imaculada”, “Virgem poderosa”, “Virgem fiel”, “Causa de nossa alegria”, “Rainha assunta ao céu”, “Rainha dos apóstolos”, “Rainha da Paz” e vários outros. São invocações e, ao mesmo tempo, são respostas para nossa sede de sentido e de significado.
Outros também, ao longo da história, se permitiram a mesma pergunta. São Maximiliano Kolbe, por exemplo, meditando nas aparições de Lourdes, perguntou-se várias vezes: “Quem sois ó Imaculada Conceição?” E, em 1941, duas horas antes de ser sequestrado pela Gestapo na Polônia, escreveu essa resposta teológica, que chegaria a ser a mais importante da sua vida: a Imaculada Conceição criada, ou seja, Maria, está plenamente unida à Imaculada Conceição incriada, ou seja, o Espírito Santo. Ela, Maria, e o Espírito Santo são dois, mas numa só carne, fazendo aqui referência a Gênesis 2, 24 e Mateus 19, 6. O Espírito Santo está vivo na alma de Maria e a fecunda desde o primeiro instante de sua existência para sempre. E é o Espírito Santo quem concebe, imaculadamente, a vida divina, o Homem-Deus no seio da alma de Maria, sua Imaculada Conceição. Maria é a esposa do Espírito Santo.
Se algumas pistas já foram dadas para a primeira pergunta, resta apenas responder a segunda: “Quem sou eu?” Vamos nos transportar para a colina Tepeyac, 1531, e ali escutaremos, da boca de Nossa Senhora de Guadalupe, esse diálogo com São Juan Diego: “Ouve, meu filho, o que eu vou dizer-te: não te aflija coisa alguma, nem temas enfermidade nem outro acidente penoso. Não estou aqui eu, que sou tua Mãe? Não estás debaixo de minha proteção e amparo? Não sou eu vida e saúde? Não estás em meu regaço e não andas por minha conta? Tens necessidade de outra coisa? (…)”
Nossa Senhora de Guadalupe responde quem sou eu: Sou Filho, muito amado, de uma Mãe poderosa; que não precisa temer nada; sou protegido e amparado constantemente; recebo ternura, consolo, companhia, saúde, vida... O que mais eu necessitaria? Tudo muito simples, mas muito profundo...
Que ambas as perguntas e suas respostas possam abrir nosso horizonte de experiência e proximidade com Nossa Senhora!
Autora: Gisele
O tempo passa diante dos nossos olhos e o que viveremos na eternidade é decidido aqui, nesse momento terreno. Não sabemos quanto tempo teremos para crescer em santidade e amizade com Cristo, a vida é uma só e vivemos ela apenas uma vez. Se deixarmos de fazer uma obra de misericórdia, uma caridade, uma inspiração, já não podemos voltar e realizar. Quem nunca teve uma experiência parecida? Apesar da oportunidade perdida, Deus não nos convida a vivermos pensando no passado, com o que poderíamos ter feito. Muitas vezes nos escravizamos e colocamos peso demais no que poderia ter sido diferente. Aquele momento se foi, mas sempre temos uma nova oportunidade, uma nova chance, a misericórdia e o amor de Deus é infinito e não devemos esquecer disso. Apesar de não sabermos o tempo que temos pela frente, uma amiga intercessora já nos deu uma dica, Santa Madre Teresa dizia que “Não é o quanto fazemos, mas quanto amor colocamos naquilo que fazemos. Não é o quanto damos, mas quanto amor colocamos em dar.”
Como tem sido a sua entrega nas obrigações diárias com a sua família, amigos e no trabalho? São feitas no automático? Movido pela correria de uma vida cheia de compromissos ou encontramos você ali, encontramos uma marca sua ali presente?
Cada vez mais parece que o tempo é rápido demais e que não conseguimos realizar tudo que queremos ou deveríamos. Vale mais uma atividade bem feita, organizada do que muitas sem profundidade e incompletas. Somos chamados a realizar grandes feitos em nome do nosso Senhor Jesus Cristo e Ele não media esforços para ir ao encontro daqueles que precisavam da sua palavra, companhia, do seu olhar. Jesus sabia que não tinha muito tempo com os seus, e fazia dos momentos com cada um eterno, com o selo de uma vida que não termina aqui, com os olhos fixados no céu.
Nós também recebemos esse chamado, de não viver a vida sem sentido, passando os dias, anos e décadas sem ter como meta o céu. É na comunhão com Deus que podemos experimentar um pouco a eternidade que um dia poderemos viver com a graça vinda Dele.
Buscar todos os dias e em nossos compromissos fazer presente o Reino dos céus, dando sentido de transcendência ao dom que recebemos o “tempo”, que não é vilão, é um presente que nos ajuda a realizar em plenitude nossa vocação. Só temos o agora. Como dizia Santa Teresinha “Só temos o curto instante da vida para dá-lo ao Bom-Deus.”
Autor: Luiz Flávio
“De graça recebestes, de graça deveis dar” Mt10, 8
Estas forma as palavras de Jesus ao enviar os apóstolos a anunciar o Reino dos Céus, que está próximo.
O que receberam os apóstolos de graça, senão a experiência de Cristo, enviado do Pai, o apóstolo por excelência, o Amor em pessoa. E o que significa isso se não receber a salvação que estava por realizar por toda a humanidade. Este é o cerne da experiência e do anúncio de que o Reino dos Céus está próximo e está presente, se faz presente em Cristo.
Basta lembrar como conhecemos a Cristo, como e quando fomos profundamente amados e perceberemos foi por iniciativa dEle ou de outro e sem interesse, sem nada precisar em troca, apenas muito recebi e quase sempre nos gerou uma vontade enorme de retribuir ou dar também a outros.
Em tudo Deus é gratuito. Gratuitamente nos criou. Gratuitamente nos amou. Gratuitamente não nos abandonou às consequências do pecado e nos salvou. Gratuitamente se encarnou e entregou seu Filho por amor a nós. Em tudo Deus é gratuito, pois Deus é Amor e o amor é gratuito.
Experimentar e compreender a caridade é deixar-se penetrar por essa graça, que de graça se dá, de tal forma que amamos tudo e todos gratuitamente tal como Deus nos ama e quer amar em nós.
Jesus, após reunir os apóstolos, mostra-lhes esse amor próprio do Seu coração, os envia para anunciar o Reino com essa orientação clara: “De graça recebestes, de graça deveis dar.” E assim fizeram os apóstolos, transmitiram o que viram, ouviram e experimentaram de graça, a todos, ao máximo que puderam, sem reservas, sem outros interesses se não de compartilhar o maior bem que receberam: a salvação em Cristo.
Conscientes de que o Reino é dom sabem que não depende somente deles e do quanto possam e mereçam, não se detém em suas limitações e fraquezas mas permitem que Cristo conceda e realize através deles, através dos dons e talentos que Deus lhes deu, pra variar, gratuitamente.
Assim também o membro do Regnum Christi que vive essa experiência com Cristo se sente impelido por seu profundo e gratuito amor a dar-se generosamente em serviço a Deus e à humanidade, sem reservas, sem troca, sem interesse se não unicamente o de dar o que de graça lhe foi dado.
Autora: Gisele Gonçalves
Crescer com a mente e o coração é uma tarefa que Jesus nos chama a realizar em nossas vidas, e ele mesmo nos ensina, como São Lucas bem relata em seu evangelho "E Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens.” (Lc 2, 52). Assim também deve ser o caminho para a nossa formação integral. O próprio Jesus nos mostra que não crescemos em um aspecto da vida de maneira isolada, que somos seres integrais e não fragmentados. A formação espiritual, esbarra na formação humana, apostólica e intelectual. E ao conhecer Jesus não conseguimos mais sermos os mesmos. Algo dentro de nós começa a se mover, o encontro com o Amado nos faz olhar para o velho homem que existe dentro de nós, e deseja que Ele nos transforme, que faça novas todas as coisas. Transforma a nossa vida para que Ele continue a sua missão através de nós. E quando estamos unidos ao mistério de Cristo, ele se faz presente em nossas vidas, de maneira concreta, no tempo atual. O nosso papel como filhos amados do Pai é de facilitar o trabalho de Deus. Certa vez ouvi de uma diretora espiritual que a nossa vida é como um quadro que está sendo pintado, não conseguimos ver o que está sendo realizado, apenas a tela ao contrário, branca. As vezes um olhar mais atento do pintor. Não recebemos uma prévia do que está sendo construído, mas a nossa tarefa é mexer o menos possível para não atrapalhar o artista a realizar a sua obra. Buscar a formação intelectual, humana, espiritual e apostólica são as ferramentas que Deus nos dá para sermos o melhor servo que Ele pode ter. Nos conhecendo, conheceremos as qualidades, dons, fragilidades e defeitos que precisamos trabalhar e melhorar. E é a partir desse conhecimento que podemos ver Deus agindo em nossas vidas e na vida dos outros. É reconhecendo nossas limitações que vemos a mão de Deus, os talentos e dons dados quando são postos em serviço encontramos a graça divina. O mistério de Cristo é uma realidade viva, Jesus “ensina-nos a ver, pensar, sentir, agir, querer, como Ele” (Identidade do Regnum Christi). Com um coração unido, um convívio íntimo com Jesus, vamos transformando nossa realidade humana, buscando o trabalho das virtudes, crescendo em amizade através da oração e da vida de graça, compreendendo como através das obrigações cotidianas e da profissão damos Glória a Deus. Ele ensina “o que significa ser rei a partir dos critérios do Reino de seu Pai. Com a sua própria vida, mostra-nos que a verdadeira liderança, consiste em dar testemunho da verdade, em servir aos irmãos.” (Identidade do Regnum Christi). Entrar nessa aventura é ter a certeza de que não voltaremos mais a ser como éramos antes, que haverá momentos de dificuldade e sofrimento, afinal reconhecer nossas limitações não é tarefa fácil. Mas é também experimentar a misericórdia e o amor infinito de Deus, viver em paz e liberdade para ser aquilo que Ele sempre sonhou para nós. Para quem sabe um dia possamos dizer como São Paulo "Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." (Gl 2, 20)