Minha memória mais antiga é meu pai me levando ao porão da minha mãe, levantando as mãos e me ensinando a dar golpes e socos. Foi lá que ele me disse aquelas duas palavras: “Seja homem. Pare de chorar, não se emocione. Se vai ser homem nesse mundo, controle as pessoas e as situações.” Isso me deu uma tremenda vergonha. Saí de lá com lágrimas nos olhos, achando que eu não era homem o bastante.
O futebol americano foi um bom lugar para me esconder. Você pode se esconder no capacete. Você projeta uma fachada, uma persona. O epítome do que significa ser homem nesta cultura. Eu achei que se pudesse representar esta hipermasculinidade de alguma forma isso validaria quem e o que eu era. Certamente meu pai respeitaria isso, veria como eu era forte e poderoso, e me daria o amor e a atenção que eu queria desesperadamente.
Eu peço a todos os homens para lembrar de que idade tinham e qual era o contexto quando ouviram “seja um homem”. Acredito que essa é uma das frases mais destrutivas da nossa cultura.
Esse é o monólogo do ex-jogador e treinador de futebol americano Joe Hermann que abre o documentário “The Mask You Live In”. O documentário faz um poderoso retrato sobre os desafios da masculinidade, muitas vezes resumidos pela expressão masculinidade tóxica. No oitavo episódio do Homem Também Chora, vamos falar sobre essa tal masculinidade tóxica. O que ela representa? Será que podemos superá-la? Vem com a gente.
Participantes:
Lucas Machado (@luquismos)
Yann Rodrigues (@yannlr)
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