Esta série de episódios traz as histórias da músicas gravadas no álbum Violões da Velha São Paulo, trabalho fruto da pesquisa de doutorado que Flavia Prando defendeu na ECA/USP. A instrumentista, em sua pesquisa, trouxe à tona a história da música para violão na São Paulo do século XIX, período anterior à formação do circuito de partituras para o instrumento, o que significa que muitas das obras do disco foram resgatadas de manuscritos ou arranjadas a partir de versões para piano.
Cada música ganha um episódio, são treze capítulos, nesta primeira temporada, que trazem a história do compositor, da obra e do contexto da cidade de São Paulo, no intuito de enriquecer a audição da gravações e divulgar a trajetória dos artistas e da cidade sob um ponto de vista musical.
Aborda-se um pouco da história do violão brasileiro e das valsas, mazurcas, gavotas e choros cultivados no país.
Flavia Prando
Esta série de episódios traz as histórias da músicas gravadas no álbum Violões da Velha São Paulo, trabalho fruto da pesquisa de doutorado que Flavia Prando defendeu na ECA/USP. A instrumentista, em sua pesquisa, trouxe à tona a história da música para violão na São Paulo do século XIX, período anterior à formação do circuito de partituras para o instrumento, o que significa que muitas das obras do disco foram resgatadas de manuscritos ou arranjadas a partir de versões para piano.
Cada música ganha um episódio, são treze capítulos, nesta primeira temporada, que trazem a história do compositor, da obra e do contexto da cidade de São Paulo, no intuito de enriquecer a audição da gravações e divulgar a trajetória dos artistas e da cidade sob um ponto de vista musical.
Aborda-se um pouco da história do violão brasileiro e das valsas, mazurcas, gavotas e choros cultivados no país.
Flavia Prando

Episódio 5. Saudosa. Mário Amaral
Veja a transcrição completa dos episódios e mais informações em: flaviaprando.com
https://flaviaprando.com/historia-dos-violoes-na-velha-sao-paulo-ep-5/
O paulistano Mário Amaral (ce.1895-1926) talvez seja a figura mais enigmática do circuito do violão da Velha São Paulo. Há muito pouco sobre ele nos periódicos e nada foi localizado sobre sua vida, apenas que faleceu jovem. Pelas parcas informações disponíveis, presume-se que tenha falecido de tuberculose. Era primo da pintora Tarsila do Amaral e sobrinho de Antonio Estanislau do Amaral, compositor da valsa Panamby, que será abordada no próximo episódio, número 6.
Em 1922, Menotti Del Picchia descreveu um sarau no célebre ateliê da artista Tarsila do Amaral. Trata-se de um importante relato que coloca Mário Amaral no centro da intelectualidade modernista paulistana, num claro deslocamento da posição de instrumento de malandro comumente atribuída ao violão.
Em 1924, ele mereceu um grande artigo escrito por Eustáchio Alves, violonista que atuou no Rio de Janeiro e foi aluno de Josefina Robledo. Alves, no texto que recebeu o título “Um Grito D'alma: Impressões sobre o violonista brasileiro Mário do Amaral e Souza”, dirigindo-se a Amaral, iniciou uma digressão sobre sua própria ligação com o violão.
Entretanto, a mais curiosa menção sobre Mário Amaral veio de outro Mário, o de Andrade, juntamente com o que parece ser o único resquício de sua obra: a melodia de uma valsa lenta chamada Saudosa, que o poeta paulistano registrou na segunda parte do Ensaio Sobre Música Brasileira (1928), em “Exposição de Melodias Populares”.
A valsa Saudosa recebeu arranjo (2021) elegante e moderno do violonista e compositor Edmilson Capelupi, que remete às composições de Francisco Mignone. Embora tenha atualizado a linguagem, o arranjo de Capelupi consegue retratar o ambiente seresteiro que a melodia de Mário Amaral inspira, seja na condução das vozes ou na introdução de respostas características dos contrapontos dos tradicionais regionais de choro. Trata-se de uma valsa nostálgica, lenta, composta em tonalidade de lá menor, composta em duas partes.
Voice-over: Biancamaria Binazzi
Dramatização dos trechos dos periódicos: Artur Mattar
Vinheta: Sabãozinho, João Avelino de Camargo, arranjo Edmar Fenício. Violão, Flavia Prando.
Músicas incidentais: Tarsila do Amaral - Rondo d'amour (Elke Riedel, soprano; Durval Cesetti, piano)
Josefina Robledo Capricho Árabe de Francisco Tarrega.
Mario de Andrade, Viola Quebrada (Ivan Vilela e Ary Kerner ) Instrumental SESC Brasil
Concepção, criação, pesquisa e narração: Flavia Prando