
Quando Rebeca conta que é mãe de três meninos com autismo, as pessoas reagem com pena. Mas ela aprendeu que não existe espaço pra coitadismo quando se escolhe ser feliz, e foi a cannabis medicinal que mudou tudo.
O primeiro diagnóstico veio com o Gabriel. Ele não falava, não olhava nos olhos, batia a cabeça na parede. Não saía de casa, não comia, não dormia. A família inteira se fechou junto com ele.
Rebeca tentou de tudo: terapias, remédios, esperança. Mas a cada nova medicação, o filho piorava. Até que, no desespero, encontrou um doador de óleo artesanal de cannabis. Três meses depois, Gabriel disse sua primeira palavra. Aos nove anos.
O segundo filho, Rafael, veio carregado de projeção: ela sonhava que ele ajudaria o irmão. Mas os sinais se repetiram. Com o novo diagnóstico, veio um luto ainda mais pesado, e uma culpa que quase a destruiu.
Rafael chegou a ter cirrose medicamentosa por conta de um tratamento. Naquele dia, Rebeca decidiu parar com todos os remédios. E iniciou o uso da cannabis também com ele. Aos poucos, ele floresceu.
Miguel, o terceiro, nasceu prematuro e também teve atrasos. Hoje, com nove anos, ainda não é verbal. Mas Rebeca já não esperava só o diagnóstico, esperava alegria. E encontrou.
Com o óleo, veio o sono, o apetite, os passeios, a vida. A cannabis virou aliada diária. Mesmo com todo o preconceito que enfrentou até dentro da própria família.
A rotina, antes caótica, virou possível. Ela, que já pensou em desistir, hoje acampa com os filhos, vai a carnaval, encara a 25 de março com leveza.
No meio do caminho, reencontrou o amor, se reergueu, teve mais um filho, o Arthur. E quando perguntam se ele também será autista, Rebeca responde sem hesitar: não importa. O que importa é que ele seja feliz.