
João já nasceu lutando pela vida. No seu parto, os médicos diziam que só poderiam salvar uma vida, a dele ou da mãe. Os dois sobreviveram e João veio ao mundo muito cheio de uma força que só cresceria com o tempo.
Sua mãe era uma mulher trabalhadora da periferia de Belém, no Pará, e enfrentava o sol escaldante diariamente indo para o trabalho, que a fez desenvolver um câncer de pele.
Quando João tinha 2 anos, sua mãe partiu por conta da doença que avançou rápido demais.
Crescer sabendo dessa história fez João entender o que muitos adultos ainda custam a perceber: as mudanças climáticas e as desigualdades sociais matam pessoas reais como a sua mãe.
Na Ilha de Caratateua, onde vive com os avós, João sente esses impactos todos os dias: o calor intenso na escola, os incêndios que cercam as casas e as chuvas que alagam as ruas.
João cresceu em meio à fé protestante e à consciência de que a Terra também precisa de cuidado. João entendeu, aos 13 anos, o quanto a mudança nasce quando as pessoas se unem.
A primeira vez que mobilizou a vizinhança foi por causa do lixo que tomava a sua rua. Ali ele reuniu alguns vizinhos, puxou o lixo pro meio da via, fechou as avenidas e chamou atenção das autoridades.
Depois disso, sua voz foi ficando mais alta. Quando foi convidado para ser Conselheiro Jovem do UNICEF Brasil, João entendeu que sua luta, antes local, agora ecoava em todo o país.
Representando a juventude amazônica, ele se tornou uma das vozes mais potentes na defesa do meio ambiente e na busca por justiça climática.
Hoje, aos 16 anos, ele é conhecido como João do Clima, um jovem que luta por sua comunidade, pelos rios, pelas florestas e pelas pessoas que, assim como sua mãe, sofrem as consequências da desigualdade e da crise ambiental.
A história de João faz parte da parceria entre o UNICEF e o Histórias de ter.a.pia para alertar sobre os efeitos das mudanças climáticas na vida de crianças e adolescentes no Brasil. As pessoas retratadas não necessariamente são beneficiárias de programas implementados pelo UNICEF ou por parceiros.