
ATENÇÃO. CONTEÚDO SENSÍVEL. Aos 12 anos, Thaysa viveu seu primeiro selinho com uma colega da escola. O que poderia ter sido uma lembrança bonita de descoberta se transformou em um pesadelo.
Um homem da família testemunhou a cena e, pouco depois, disse que ela precisava “aprender a ser mulher de verdade”. A partir daí, vieram três anos de abuso e uma vida marcada pelo silêncio cúmplice de quem deveria protegê-la.
Quando buscou ajuda dentro da família, Thaysa encontrou apenas desconfiança e julgamentos. “Será que não provocou?”, “será que não gostou?”.
A falta de acolhimento doeu mais do que os próprios atos. Além do do abuso físico, Thaysa suportou anos de violência emocional, vivendo sob o mesmo teto de quem a destruía por dentro.
Aos 15 anos, ela reuniu coragem para enfrentá-lo. Aos 20, o expulsou de casa. Mas as marcas já estavam profundas. Vieram bloqueios de memória, autoagressões, o refúgio na comida e o ódio de si mesma por ser uma mulher lésbica.
Durante muito tempo, a Thaysa acreditou que sua orientação era a causa do seu trauma, carregando uma culpa que não era dela.
Foi somente com o encontro de Andreia, que se tornaria sua esposa, que o mundo começou a recuperar as cores.
Aos poucos, Andreia ajudou a Thaysa a enxergar que não precisava viver aprisionada na dor. Dessa força nasceu a decisão de transformar sua própria história em acolhimento.
Thaysa entrou na faculdade, se formou em psicologia e se especializou em traumas. Hoje, no consultório, recebe pessoas que chegam carregadas de vergonha e culpa, assim como ela.
Para Thaysa, quem deve carregar o peso da vergonha não é a vítima, mas quem escolheu praticar o mal. E é por isso que repete, com firmeza e cuidado, a quem atende: ninguém precisa passar por isso sozinho.
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