
Fui ensinado desde pequeno que somos jarros de barro e que dentro de nós há a água da vida para servir a todo e qualquer viajante com sede de verdade, justiça e amor.
No entanto, o que aprendi na jornada é que não dá para simplesmente despejar a água nos copos dos sedentos, porque uma hora começamos a nos sentir vazios demais.
Por incrível que pareça há muitos corações secos que nunca foram regados.
Entendi que quando a gente entrega (doa) o que tem, uma hora podemos nos sentir roubados. Mesmo que as outras pessoas também tentem matar nossa sede. Porque no fundo ninguém mata a sede de ninguém, no máximo nos contentamos provisoriamente.
Esse contentamento é provisório porque somos provisórios, uma metamorfose ambulante como diria o poeta.
É por isso que não dá para amar as outras pessoas se a gente realmente não se amar. Conhecer e se relacionar profundamente com o eu que habita em nós.
Cavar bem fundo para encontrar a nascente, então quem sabe o jarro se quebre para virar rio e aí sim correr para outros rios para no fim tudo virar mar.