
Rulfo constrói o retrato definitivo do que acontece quando ausência total de Estado de Direito permite que poder privado opere com violência absoluta, mostrando Pedro Páramo como força de aniquilação que governa Comala através de capricho pessoal em um território transformado em zona de exceção permanente. A narrativa fragmentada espelha a desintegração institucional onde não há leis funcionais, apenas fragmentos de trauma e memória distorcida, revelando como coronelismo e patrimonialismo destroem possibilidades de vida coletiva digna - uma análise fundamental para compreender regiões do Brasil onde Estado abdica de seu papel regulatório, permitindo que poderes locais operem como senhores absolutos, perpetuando ciclos de violência que o direito formal não consegue quebrar por estar ausente ou cooptado.