
Güiraldes explora o conflito entre sistemas normativos tradicionais e imposição de legalidades estatais uniformes, mostrando Don Segundo como representante de uma forma legítima de organização social baseada em códigos de honra, lealdade e conhecimento da terra desenvolvidos historicamente pelas comunidades gaúchas. A obra questiona se a modernização jurídica sempre representa progresso ou se pode destruir formas funcionais de regulação social, revelando tensões fundamentais entre direito consuetudinário e direito estatal que atravessam a formação do Estado-nação argentino - uma reflexão crucial para compreender como o direito brasileiro lida com diversidade normativa de povos tradicionais, comunidades rurais e territórios onde lógicas jurídicas oficiais colidem com sabedorias locais consolidadas pela experiência histórica.