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Até a Netflix foi impactada pelo caos tributário brasileiro
Ecio Costa - Economia e Negócios
3 weeks ago
Até a Netflix foi impactada pelo caos tributário brasileiro
O caso da Netflix voltou a expor o manicômio tributário que vivemos, um sistema tão complexo que conseguiu afetar o resultado de uma das maiores empresas de entretenimento do mundo. A gigante do streaming divulgou um balanço positivo no terceiro trimestre de 2025, com receita de US$ 11,5 bilhões, alta de 17% frente ao mesmo período do ano anterior. Mas o otimismo durou pouco: uma despesa extraordinária de US$ 620 milhões, ligada à cobrança da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre remessas ao exterior, reduziu sua margem operacional de 34% para 28%, segundo o relatório divulgado.
Sem o impacto dessa disputa tributária no Brasil, a Netflix teria superado suas próprias projeções de margem, que eram de 31%. Agora, a estimativa para o ano caiu de 30% para 29%, embora o fluxo de caixa livre tenha sido revisado para cima, chegando a US$ 9 bilhões. O caso mostra o custo de fazer negócios no Brasil. A situação é mais um exemplo de como a insegurança jurídica e a complexidade fiscal afetam a rentabilidade de empresas que operam no país.
O caso reacendeu um debate que já se arrasta há anos: como deve funcionar a tributação sobre plataformas de streaming no Brasil? A cobrança da CIDE envolve os serviços prestados pela matriz americana à operação brasileira da Netflix, um tema que ainda divide opiniões jurídicas. Está no Congresso um projeto de lei que pretende taxar entre 3% e 6% da receita das plataformas digitais, além de impor cotas de conteúdo nacional e exigir maior transparência sobre dados de audiência. Para alguns, a medida é necessária para fortalecer a produção audiovisual brasileira. Na realidade, representa mais uma camada de incerteza e custos, que pode afastar investimentos e encarecer os serviços para o consumidor final brasileiro.
O impacto foi sentido também no mercado. As ações da Netflix caram mais de 6% e o lucro por ação veio abaixo do previsto, o desempenho foi diretamente afetado pelo conflito com as autoridades fiscais brasileiras. O custo Brasil segue sendo um entrave real e mensurável. Quando até uma gigante como a Netflix tem seu resultado global impactado por uma disputa tributária local, fica evidente que a complexidade fiscal brasileira não é apenas um problema burocrático, é uma questão de competitividade e de imagem internacional. Enquanto o país não avançar em uma reforma tributária que simplifique regras e ofereça previsibilidade, casos como esse continuarão a se repetir, afastando investimentos e reforçando a percepção de que fazer negócios no Brasil é um enorme desafio tributário.