
Nazaré, 12 de maio de 2023
A falta de médicos não é um problema exclusivo da Nazaré, nem sequer cabe ao município resolvê-lo, mas qualquer cidadão ficará, no mínimo, perplexo pela forma como o Estado olha para as questões da saúde e é incapaz de garantir a contratação de equipas clínicas para equipamentos que custam milhões de euros a construir e a manter. E depois de tantos anos a assistir a tantas moções votadas por unanimidade a exigir um novo Centro de Saúde causa alguma estranheza o silêncio de algumas forças políticas sobre a falta de médicos a que se assiste na nossa terra. O nosso Centro de Saúde, inaugurado com a pompa e circunstância que a pandemia permitia, com primeiro-ministro e ministra da Saúde a visitarem o burgo de forma confiante e sorridente, é um exemplo paradigmático. Depois de tantas décadas à espera de um novo Centro de Saúde, a obra, enfim, chegou. Mas, depois, falta aquilo que é essencial para que possa, efetivamente, prestar serviços de saúde de qualidade a uma população, sobretudo a mais envelhecida, que não tem condições para recorrer aos privados e que precisa de alternativas credíveis. O estado de saúde dos nossos cuidados de saúde primários inspira muitos cuidados, mas era hora de alguém neste país ser capaz de gerar as soluções que permitam pagar melhor aos médicos e enfermeiros e, dessa forma, acabar com a sangria de profissionais do Serviço Nacional de Saúde. Se nada for feito, qualquer dia teremos grandes e novos hospitais e centros de saúde e não teremos quem trate dos nossos.