
Entenda, minha adorável ouvinte, meu rabugento, narigudo e gordo ouvinte. Eu não cai de paraquedas na noite.... A vida me empurrou para a noite, mas começou isso, empurrando-me para as ruas. Viver nas ruas, eu asseguro a vocês, não é um passeio... é viver em praça pública, sob os olhares indiferentes de todos, inclusive dos grandes representantes do povo, do Poder Público. E isso piora muito a vida de quem esta lá, pois a maldade pode atingir a todos, mas, ela atinge com maior crueldade, e mesmo avidez, aos que, por não terem para onde ir, para quem voltar, ou com quem contar, estão exponencialmente mais vulneráveis. E ter vivido tanto tempo nas ruas, e ter conseguido sair delas, deixou-me marcas, e, creia, só pude sair porque, em verdade, eu recebi a ajuda, a mão estendida de um anjo.