
Após um dia de trabalho, Samuel Andrade sai da cabine de projecção da Cinemateca com um único objectivo: jantar. Porém, alguém estava no seu caminho. O encontro gerou outro encontro.“Aonde vamos jantar?” “Aqui, mesmo ao lado; nem é preciso andar muito e ainda ficamos no convívio dos fantasmas da Cinemateca.” Abancamos no fundo da cervejaria, na esperança do mais discreto e sossegado possível. Fomos, contudo, traídos pela compostura daquela noite quente. Depois de solicitarmos o menu, o nosso redor começou a encher-se: cacofonia, tilintar de loiça, brindes avulsos na celebração dos mais diversos tratos. Do nosso canto, o Cinema era parte do cardápio. Samuel havia escrito recentemente um Manifesto pela Salvação da Sala de Cinema, e foi a partir dele que agendamos uma pequena luta armada. Paul Thomas Anderson e o seu “One Battle After Another” serviram de pólvora para o embate. “O streaming não tem piada nenhuma!” Chegámos a um acordo mútuo, entre cavalheiros, cada um com o seu prato, opinando entre garfadas sobre o cinema que relembramos enquanto Cinema: o da sala, e, nos mínimos dos mínimos, o do home video, para destilar os desertores. Cheers.
Ler Manifesto aqui: https://filmspot.pt/artigo/manifesto-pela-salvacao-da-sala-de-cinema-14859/