A cor e o som da Looa

Sugerir cores, formatos e outros aspectos que fazem do som uma manifestação também imagética. Qualquer estilo musical pode conter obras ou mesmo trechos de músicas que colocam em primeiro plano aquilo que a humanidade se acostumou a chamar de sinestesia, uma espécie de fenômeno neurológico em que um só impulso é capaz de gerar duas ou mais sensações paralelas. É como dizer que o som está associado a cores e pode se materializar, também, em números ou inúmeras outras relações de grandeza. Tudo depende do gosto e da experiência sensorial de cada um. E, quando dois artistas visuais decidem unir as influências em um projeto autoral, a figura muda de linguagem e uma palheta de cores invade os ouvidos fazendo ainda mais sentido para quem gosta de ver o som. 

À frente da Looa, duo que traz influências do Dream-pop e do Shoegaze, Chiemi, 27, e Gabs, 25, vêm buscando seu espaço na cena de música autoral de Londrina. Porém, muito mais do que isso, já que o projeto os "ajudou a entender muita coisa", diz Gabs. E confessa. "O processo artístico é se descobrir e você se depara com muitas coisas, até as que você não gosta".   O mergulho dentro de si mesmos a bordo da Looa começou logo após o fim da melhor fase de suas vidas, enquanto estudantes na Universidade Estadual de Londrina. Foram dias acinzentados, marcados pelas incertezas e angústias que acometem a rotina de qualquer recém-formado nos dias de hoje. De lá para cá, singles como "Hues", "Ghosts" e "Lifeline" já foram lançados e soam como verdadeiros antídotos contra o passar do tempo. Além de um "pedido de desculpas" por nem sempre estar de corpo e mente presentes, confessa a vocalista Chiemi sobre "I´m Not Here". Já "Tempestade" marca uma inclinação da dupla em se expressar na sua língua materna, o que não deixa a desejar em nada em comparação com os versos em inglês como os de suas principais influências. 

Produzidas inteiramente em seus próprios quartos e com novas faixas prestes a serem lançadas, as canções farão parte de seu primeiro EP, porém já podem ser conferidas no Spotify. Além do violão e da guitarra de Gabs, responsável por climas e cores inconfundíveis com seu pedal de chorus, a Looa também abusa do reverb na pós-produção e dos mágicos efeitos capazes de surgirem a partir dos controladores. São referências que vão de artistas ligados ao rock alternativo e ao indie, mas sem deixar de lado o folk e outras cores oitentistas.